Após sessenta e três anos de casados, Seu Olavo abandonava Dona Marli. Pelo menos era assim que ela encarava a morte do marido.
Conheceram-se ainda na infância, em uma cidadezinha do interior chamada Varre-e-sai. Casaram-se e foram morar na capital. Ele tornou-se funcionário público, ela, costureira. Nunca fizeram nada que não fosse voltado para o trabalho e para a família. Tiveram três filhos e sete netos. Jamais saíram do Estado do Rio. O casamento caíra na rotina e, no fim da vida, não eram mais do que dois bons amigos.
“No fim da vida dele”, diria Dona Marli, que decidira que não iria morrer tendo vivido aquela vidinha chata de Seu Olavo. Pensando que seu tempo era bastante escasso, a senhora queria viver o pouco que ainda lhe restava. Juntou as economias e o dinheiro do seguro de vida que recebera e colocou em prática seu plano.
O primeiro item de sua lista era tomar um porre. Acordou com uma enorme ressaca no dia seguinte. Não se lembrava nem onde colocara a calcinha, ou no seu caso, a calçola da vovó. Se bem que não lembrar das coisas já era coisa corriqueira. A cabeça doía como nunca, mas a sensação foi única. O próximo item era voar de asa delta. A experiência fora incrível ou, como diria Dona Marli, “supimpa”. O item seguinte era comprar uma moto, mas achou que poderia usar o dinheiro em outros itens da lista e risco o item três. Seguiu, item a item, realizando tudo que jamais sonhara em fazer em seu tempo de casada. De se empanturrar de ovos de páscoa – já que era diabética – a ir a um clube onde os moços – que “eram todos uns pães” – tiravam a roupa. Adorou o momento de colocar dinheiro na cueca de um deles.
Das vinte experiências listadas, faltava apenas uma: sair em uma escola de samba com os seios a mostra, assim como a Dercy fizera. Infelizmente, não resistiu ao bungge jumping e falecera no item dezenove. Entretanto, seus filhos realizaram seu último desejo e – apesar do enorme constrangimento de quem aparecia no velório – enterraram Dona Marli com os seios de fora.Roberto Nato
Fora alguns errinhos, excelente texto! Agora, sacanagem enterrar a véia com as "bóia murcha" de fora
ResponderExcluirExcelente conto Roberto!!! Agora o melhor eh a tentativa de um nunca alcoolico em tentar descrever um porre... uhauahau
ResponderExcluirhaushhuhuhAHShuas
ResponderExcluirMuito legal!
Quero ser uma véia feliz.
Mas o segredo disso é não casar com um cara chamado Olavo.
AHSHUASuhuhasuh
Errinhos concertados, caro Thiago. O sr.tem um olho ótimo para erros de digitação, hein!
ResponderExcluirDe fato, não faço a menor ideia de como é um porre, Achiles...rs
Vivi, não subestime os "Olavos" do mundo...rs
Acho que, pela foto, a Dona Marli também colocou na sua lista de desejos ser a Batgirl (tá mais pra vovó da Alicia Silverstone...), a rainha Elizabeth (igualzinha!) e a Fiona (a mãe dela, na verdade...) =p
ResponderExcluirHUAUAHAUHA Adorei!
ResponderExcluirEspero não chegar a esse ponto nos meus 80 e poucos anos...
Mas ainda ficou um erro de digitação... =p