Maravilhosamente Banalizado

Caro leitor, venho por meio deste veículo de comunicação expressar toda a minha revolta ao uso que vem sendo feito do adjetivo "maravilhoso". Tal termo está ficando cada vez mais gasto por ser usado sem nem um controle pelas pessoas que, por mera preguiça de buscar um sinônimo, abusam da pobre palavra.
Meus principais alvos são os artista que, na falta de um vocabulário mais extenso, castigam nossos ouvidos com o adjetivo que é o objeto de minha revolta no presente texto. Ao serem indagados por repórteres sobre como é trabalhar com determinado colega, diretor, criança, os entrevistados soltam sem o menor pudor um "É maravilhoso!" que me corta os tímpanos tal como uma faca bem afiada faria com imane facilidade. Estou de acordo que nem sempre é possível dizer o que realmente se pensa como por exemplo: "É horrível, ele grita e tem mau hálito!", mas daí a banalizar um adjetivo dessa maneira é próprio de um crime (Alô Bruno!!!). Certo seria se usássemos toda a gama que dispomos da língua portuguesa. Poderíamos usufruir de "estupendos" e "admiráveis", de "magníficos" e "sensacionais", de "primorosos" e "excelentes", enfim, as variedades são muitas.
Proponho ao caro leitor que se policie ao usar o adjetivo tido como banal nos dias atuais (por mim, é claro). É uma bonita palavra? Sonora? De fato... sim, mas perdeu seu charme a muito tempo. Deixemos que caia no ostracismo, assim como tantas outras, pois garanto que com a inventividade dos falantes de língua portuguesa, outras surgirão para suprir sua falta. Isso sim seria "maravilhoso", ou melhor, estupendo.

Roberto Nato